quinta-feira, 26 de maio de 2011

Indignação

Hoje não está sendo um dia tão bom...
Chove cinzas...nuvens tristes a chorar!
Aqui, do lado de dentro, esvaeço-me...
Quanta indignação...
Pessoas morrem - pêrdas irreparáveis (insubstituíveis!)
As flores murcham - beija-flores feridos!
Tudo é tão mórbido...
Os corações sofrem diante das desilusões...
Choram por amores não realizados (ideais frustrados!)
Calado, me retraio de frio - lugar gelado...
No coração, apenas batidas descompassadas - melancolia!
Não há absolutamente nada que se explique, nada!
Tudo é escuro : a dor, a morte, a saudade...
Ninguém compreende, na íntegra, meu sofrimento.
Tudo é escuro e cinza - noites sem estrelas, esfumaçadas...
Nada tem cor, nem sabor - negritude sem plenitude!
Eu não sabia que seria tão difícil assim - noites sem fim...
Hoje e parece que amanhã (se não saber de você) só chove...
Indigno-me!
O que fazer com a saudade?!
Você está me matando lentamente...
Tudo é triste, é vazio de si mesmo e o é para tudo...
Nada é preenchido, muito menos ainda, meu coração.
Este é o dia das cores mortas, das flores tortas inclinadas ao chão...(desfalescem agonizantes!)
Este é o dia de hoje que repenso a vida duas, três, inúmeras vezes se possível...
Este é o dia...sem notícias suas!
Aborreço-me sem você...
Este é o meu dia de nuvens carregadas, de poesia densa, condensada de tristezas...
Dia indigno de solidão - borbulha meu coração!
Lá fora tudo é apenas cotidiano, cá dentro só sofrimento!
Lua nova para os recíprocos apaixonados
Lua minguante para mim...
Sem ti estou morrendo às minguas!
É-me ignorado o nascimento de estrelas e também o desabrochar das flores...
Esqueço-me até de abrir as janelas - já não há mais bem-te-vis (nem-te-vis!)
Aqui onde um coração negro segue sem cor seu caminho - agora e hoje e amanhã talvez, só chove um chôro de saudade...
Chove : dor, saudade, solidão, pêrda, ausência - desconsolação!
Vivo, um viver morno ancorado em uma ilha deserta qualquer...
Canto, um cantar melancólico - o cântico dos cânticos!
Poesia sem alegria, às vezes desritmada como as cordas enferrujadas do meu coração.
Canto triste - canto de sabiá sem laranjeira...
Rosa sem roseira - ou seria roseira sem rosa?!
Tudo cinza - indigno-me com a vida sem você.
Indigno-me comigo sem você!
Simplesmente não sou ou busco ser...não sei como ser eu sem você!
Calado - não há motivos para cantar - me retraio.
Só me confesso diante da lua que, como eu, carrega-se solitária (suporta o insuportável!)
Choram as flores e por que não chorarei eu?!
Orvalho insuficiente - cai gota a gota desse peito decadente...
Decaio-me, esmoreço-me, calo-me e, enfim, choro-te...
De onde vêm as lágrimas senão da sua existência?!
Da sua existência vêm :
Os ventos uivantes, as noites escuras, os dias nublados...
Um "sem-te-vi", um "não-sabiá-onde-estavas-laranjeira"...
As palavras mais carregadas de suor, dor e lágrimas...
Tudo, enfim, vem e sempre virá de você!

Escrito em 26/05/2011

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